quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Novela Roque Santeiro é lançada em DVD com direito a um final alternativo

Novela Roque Santeiro é lançada em DVD com direito a um final alternativo
No box com 16 discos, há também o final inédito de Porcina com Roque
roque santeiroO casal Roque e Viúva Porcina

Para comemorar os 25 anos de uma das mais clássicas tramas da teledramaturgia brasileira, Roque Santeiro, a Globo Marcas lança um compacto da novela em um box com 16 discos totalizando 51 horas de material. A coleção ainda traz extras como o final alternativo, inédito, em que a Viúva Porcina (Regina Duarte) fica com Roque (José Wilker) e não com o Sinhozinho Malta (Lima Duarte).Roque Santeiro estreou em junho de 1985 e se passava na fictícia cidade de Asa Branca. Lá, a Viúva Porcina formava um triângulo amoroso com Sinhozinho Malta e Roque . O detalhe: este último estava dado como morto e era considerado santo milagreiro na cidadezinha. A direção ficou por conta de Jayme Monjardim, Gonzaga Blota e Marcos Paulo sob direção-geral de Paulo Ubiratan.- Eu já fiz 51 novelas, mas essa... Que novelão! O melhor agora é poder, além de guardar Roque Santeiro no coração, guardá-la em casa para se divertir e, principalmente, se emocionar quando quiser - comemora Lima Duarte.(No vídeo ao lado: Confira o final de Roque Santeiro que foi ao ar em 1986)

A novela, escrita por Dias Gomes com colaboração de Aguinaldo Silva, teve 209 capítulos, o equivalente a aproximadamente 170 horas. Para o DVD, foi realizado um trabalho minucioso para que a novela ficasse em um tamanho viável, sem perder seu contexto, mantendo as histórias principais.

roque santeiroLima foi o inesquecível Sinhozinho Malta

Na boca do povo

O sotaque nordestino, bordões como “Tô certo ou tô errado?” e figurinos dos personagens – como os extravagantes turbantes cintilantes de Porcina - povoaram o imaginário popular por muito tempo.- A novela indicou um dos maiores sucessos de audiência. Por causa do seu
humor irônico e fino, marcou milhões de espectadores que não paravam de falar da trama e de imitar aqueles personagens inesquecíveis - conta José Wilker.Em cada disco, há uma breve apresentação gravada pelo trio principal do elenco: Lima Duarte, José Wilker e Regina Duarte. O DVD possui ainda dois finais: um que foi ao ar e o outro inédito, gravado na época, mas que não foi exibido, onde a Viúva Porcina fica com Roque. O preço sugerido para a venda é de R$ 249,90.

Da globo.com

Roque Santeiro (Rede Globo/1985) A Rede Globo mais uma vez está sendo pioneira. Além de manter um acervo incomum das produções da Rede, com o Projeto Memória Rede Globo. Além de já ter lançado programas e minisséries de sua produção, em DVD, ela agora se torna pioneira a lançar a primeira novela brasileira em DVD: “Roque Santeiro”. Não podemos mais dizer que o brasileiro não se preocupava com a preservação da memória cultural de seu país.“A coleção “Roque Santeiro” é um compacto de 16 DVDs que conta o começo, o meio e o fim das histórias dessa obra.

”Em 1986, estreava a novela “Roque Santeiro”, exibida pela Rede Globo, às 20h. Uma obra de Dias Gomes. Co-autoria de Aguinaldo Silva. Colaboração: Marcílio Moraes e Joaquim Assis. Na direção dos 209 estiveram Daniel Filho, Paulo Ubiratan, Jayme Monjardim, Gonzaga Blota e Marcos Paulo.A trama da novela foi desenvolvida como sátira à existência dos mitos, a necessidade de mantê-los e a fonte de renda que podem representar, sobretudo numa pequena cidade.A história se passava na fictícia cidade de Asa Branca, um retrato do Brasil, com suas vantagens e mazelas.

Asa Branca vivia em função de um falso mito: o milagreiro Roque Santeiro (José Wilker), que teria morrido como mártir defendendo a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro).Quando o bando de Navalhada invade Asa Branca, todos os habitantes fogem apavorados, menos Roque Santeiro – assim chamado por modelar santos de barro.
Ele desapareceu, e foi dado como morto. Logo após o incidente, uma jovem à beira da morte conseguiu sobreviver e dizer que o rapaz aparecera para ela em uma visão. A notícia se espalhou, e Roque, tido como salvador da moça, foi santificado.
A população de Asa Branca chegou a erguer uma estátua em homenagem ao herói e passa a lhe atribuir curas e milagres. “Viva Roque Santeiro!” era a frase mais ouvida em Asa Branca.Porém, após 17 anos, o falso santo reaparece em carne e osso, causando desespero às autoridades locais de Asa Branca, já que o fim do mito significaria a morte da cidade. As autoridades se dividem entre os que defendem que a verdade deve ser revelada e os que querem manter o falso milagre, pois precisam dele para sobreviver.(Paulo Gracindo).
Entre os que se sentem ameaçados com a volta de Roque estavam o padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) e o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus), principal explorador da imagem do santo. Quem também se viu ameaçado com o aparecimento de Roque foi o poderoso fazendeiro da região, Sinhozinho Malta (Lima Duarte), pois pressentia que sua relação com a pretensa “viúva” Porcina (Regina Duarte) corria perigo.
Incentivada por Sinhozinho, Porcina – que sequer conhecia Roque – criara a mentira de que fora casada com o santeiro e acabou se transformando em um patrimônio da cidade.Na realidade, Porcina era uma mulher ambiciosa, extravagante e nada casta. Por conta dessa mentira, Roque acabou tendo que se hospedar na casa de sua suposta mulher, despertando o desejo da “viúva”.(Lima, Regina e José Wilker).Liderando o grupo que deseja revelar a verdade ao povo de Asa Branca estava padre Albano (Cláudio Cavalcanti). Ele fazia o contraponto com o padre Hipólito e era chamado de “padre comunista”. Através do personagem, a novela abordou um tema em voga na época, a divisão da Igreja Católica entre tradicionalistas e adeptos da teologia da libertação. Progressista, padre Albano lutava a favor dos trabalhadores de Asa Branca e fazia de tudo para revelar que o mito de Roque não passava de uma farsa.
Em determinado momento da trama, ele teve um envolvimento com a filha de Sinhozinho Malta, Tânia (Lídia Brondi), uma jovem contestadora que estava em permanente atrito com o pai. Após muitas dúvidas, Albano acabou resistindo aos encantos da jovem e terminou a novela sozinho: “Sem a Igreja, sou como um soldado sem Exército”, disse à Tânia, explicando sua decisão.Mas a chegada de Roque também atingiu em cheio a vida de outra moradora de Asa Branca: Mocinha (Lucinha Lins), a verdadeira noiva de Roque. Mocinha nunca se conformou com o desaparecimento do noivo e esperou por seu amor, mantendo-se casta. Ao revê-lo, sua paixão reascende e ela se enche de esperança. Filha do prefeito de Asa Branca, Florindo Abelha, e da beata Dona Pombinha (Eloísa Mafalda), Mocinha era cortejada pelo soturno professor Astromar Junqueira (Rui Rezende).
Aém do aparecimento de Roque, a chegada de Matilde (Yoná Magalhães) também movimenta a vida de Asa Branca. Velha amiga de Sinhozinho Malta, ela montou uma boate, a Sexus, e trazia do Rio de Janeiro duas sensuais dançarinas: Ninon (Cláudia Raia) e Rosaly (Isis de Oliveira).
O trio de mulheres enfrentava a oposição de Padre Hipólito e das beatas da cidade, lideradas por Dona Pombinha Abelha. Confusões amorosas como a que ocorreu durante um animado forró conferiam um tom cômico à novela. Nela, a Viúva Porcina contava com uma aliada de última hora para despistar o Sinhozinho Malta.(Fábio Jr.).Asa Branca ainda se via agitada pela equipe de cinema que chega à cidade para filmar a história de Roque Santeiro. Nesse núcleo, mereceu destaque o personagem de Fábio Jr., o ator mulherengo Roberto Mathias, que interpretava Roque Santeiro no filme. Roberto se envolveu com a viúva Porcina, com Tânia (Lídia Brondi), com Marilda Mathias (Elisângela) e com a reprimida Lulu (Cássia Kiss), esposa de Zé das Medalhas. Em determinado momento da novela, Marilda engravidou e ficou sem saber se o pai da criança era Roberto Mathias ou Sinhozinho Malta, com quem ela também teve um romance.(Lídia Brondi). (Patrícia Pillar e Ewerton de Castro).
.A sofrida Lulu foi mais uma personagem de destaque de Asa Branca. Ela era a menina que diz ter visto Roque depois de morto, fato que modificou muito sua vida. Muitos achavam que ela deveria dedicar-se à religião e entrar para um convento, mas Lulu tinha ânsia de viver. No entanto, foi reprimida pelo marido, que a obrigava a ficar em casa, como uma prisioneira, cuidando dos filhos. Sufocada com a opressão de Zé das Medalhas, ela decidiu dar uma reviravolta em sua vida, mas acabou se envolvendo com o mau-caráter Ronaldo César (Othon Bastos), ex-marido de Matilde, que apareceu em Asa Branca para explorar a ex-mulher.Para completar a agitada rotina da cidade, um mistério despertava a curiosidade de toda a população: quem era o lobisomem que aparecia nas noites de lua cheia e atacava as mulheres da cidade? O principal suspeito era o professor Astromar Junqueira, por seu jeito misterioso e um tanto sombrio.
No capítulo final, o telespectador descobre que o professor era realmente o lobisomem.No final da novela, Roque Santeiro concordou em deixar Asa Branca. A dúvida de com quem Porcina escolheria ficar perdurou até a última cena, inspirada no filme “Casablanca”.A viúva não sabia se embarcava com Roque num avião ou continuava na cidade ao lado de Sinhozinho Malta. Depois de sofrer com a difícil escolha, ela decidiu ficar com o coronel, e os dois, juntos, acenavam para Roque.A empatia entre Sinhozinho Malta e a viúva Porcina, protagonistas de cenas memoráveis, conquistou o público. As hilárias brigas do casal que vivia uma conturbada relação faziam muito sucesso. Sinhozinho, para pedir perdão à amada, chegou a ficar de quatro, imitando um cachorro, e lambeu a mão de sua “dona”, Porcina. Os ataques e as manias de Porcina também renderam cenas preciosas.Extravagante e cheia de si, ela vivia levantando os seios com as mãos e limpando os cantos da boca borrados sempre pelo batom escandaloso. Exagerada, não conseguia chamar pela empregada a não ser com o estridente grito: “Minaaaaaaaaaaaaaaa” (Ilva Nino).Porcina e Sinhozinho combinavam ainda no jeito de se vestir. Cada um com seu estilo. Ela, de forma extravagante: drapeados, babados, decotes profundos, cores fortes, óculos berrantes, turbante, brilho de dia e de noite. Ele, muito cafona: o braço cheio de pulseiras, relógio e colares de ouro, chapéus inspirados no seriado americano Dallas, colarinhos com biqueiras de metal prateado e perucas. Destaque para seu carro, enfeitado com dois enormes chifres de boi.Os efeitos sonoros marcaram alguns personagens de “Roque Santeiro”.
Quando Sinhozinho Malta estava nervoso, sacudia o relógio e as pulseiras de ouro que trazia no braço e ouvia-se o som de uma cascavel, misturado ao som do chocalho das pulseiras. O bordão – “Tô certo ou tô errado?” – completava a ação do coronel. Curiosidades:- Em 1975, dez anos antes da estreia de “Roque Santeiro”, outra versão da novela havia sido censurada antes mesmo de estrear. Dias Gomes escreveu a trama em comemoração aos 10 anos da TV Globo, quando ele escreveu "A saga de Roque Santeiro e a incrível história da Viúva Porcina que foi sem nunca ter sido", a nova produção do horário nobre que prometia inovar o gênero.
A novela, então, foi proibida pela censura de ir ao ar na noite de sua estreia. A Censura Federal justificava: "A novela contém ofensa à moral, à ordem pública e aos bons costumes, bem como achincalhe à Igreja".A emissora providenciou então uma reprise compacta da novela “Selva de Pedra”. Enquanto Janete Clair era acionada para as pressas escrever uma nova trama para o horário, usando praticamente a mesma equipe de Roque. A autora, então, escreveu “Pecado Capital”, um de seus maiores sucessos.
Dias Gomes se baseou em sua peça teatral “O berço do herói”, escrita em 1963 e proibida dois anos depois pela Censura do Governo Militar.Sobre a proibição da primeira versão de “Roque”, o jornalista Artur Xéxeo narra em seu livro “Janete Clair, a Usineira de Sonhos”: "A sinopse estava em Brasília quando o autor recebeu um telefonema do amigo Nelson Werneck Sodré. (...)- O que é que você está fazendo? - quis saber Werneck.
- Uma pequena sacanagem - respondeu Dias -, estou adaptando “O berço do herói” para a TV.
- Mas a Censura vai deixar passar? - lembrou Werneck.
- Não tem mais o cabo. Assim passa. Esses militares são muito burros - afirmou Dias.Como também era hábito, o telefone de Nelson estava grampeado. A “conversa foi gravada, a Censura entendeu as intenções de Dias, e os militares voltaram a se sentir atingidos”.O veto foi estabelecido depois que a Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) descobriu que Dias Gomes estava adaptando o tal texto teatral. Na ocasião, já haviam sido gravados 36 capítulos da novela, então protagonizada por Betty Faria (Porcina), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Francisco Cuoco (Roque).No dia da proibição, quando o telespectador aguardava a exibição do primeiro capítulo da trama, o locutor Cid Moreira leu no “Jornal Nacional” um editorial assinado pelo presidente da Rede Globo, Roberto Marinho, anunciando o veto.
Em meio à comoção da equipe, a emissora teve apenas três meses para produzir outra novela.Para a realização desta novela, parte do elenco e dos cenários de “Roque Santeiro” foram aproveitados. A versão de 1985 de “Roque Santeiro” era praticamente a mesma que fora censurada em 1975. Quase nenhum personagem foi introduzido, e a trama central da história manteve-se idêntica, com poucas adaptações. Na versão atual, Asa Branca deixou de ser apenas uma cidade do interior da Bahia para representar uma miscelânea brasileira.Roque Santeiro foi a primeira novela de Dias Gomes exibida as 20h. Até então, o autor escrevia novelas para as 22h.
Com o Blog Nostalgia de O Globo online

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