sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Reveja cenas do último capítulo da novela Plumas & Paetês (1981) - Rede Globo.

Plumas e Paetês - Rede Globo

(Foto: Paulo Goulart e Eva Wilma).

Hoje, quanto assisto a um capítulo das atuais telenovelas, eu sinto falta de autores como Dias Gomes, Janete Clair, Ivani Ribeiro, Bráulio Pedroso, Vicente Sesso, Cassiano Gabus Mendes, Jorge Andrade, entre outros.

É que os autores atuais, com raríssimas exceções, parecem que estão mais preocupados em mostrar uma mesa farta para o café da manhã e em distribuir brinquedos e roupas nas noites de Natal. Eles estão esquecendo as pessoas que não tem o que comer e nem sabem o que é uma noite de Natal. Esquecem também que trabalham num veículo de comunicação de massa. Não são autores de classe A, B, C, mas de todas as classes e principalmente da D, E, F.

Fico com pena dessas pessoas e imagino o que elas devem estar sentindo ao ver tanta fartura enquanto passam fome. Eles se esqueceram do HUMOR. O telespectador não quer ver desgraça na telinha de sua televisão, quer se divertir. Desculpem pelo desabafo, mas estava entalado com isso.

Em 1980, estreou na Rede Globo a novela “Plumas e Paetês”. Que foi mais um sucesso de Cassiano Gabus Mendes, para o horário das 19h, sob a direção de Jardel Mello e Mário Márcio Bandarra.

A novela marcou a estreia de Eva Wilma, a maior estrela da TV Tupi, no elenco da Rede Globo.

Eva Wilma estreava na emissora interpretando Rebeca que era a dona de uma confecção que descobria o amor com Gino (Paulo Goulart), que era segurança da sua empresa. Por sua vez, Rebeca passou a ser assediada por Márcio (John Herbert), que era seu secretário. Gino, Márcio e Rebeca viveram os momentos cômicos da trama. Como mãe controladora, ela fazia de tudo para impedir que seu filho único, Jorge Luís (Paulo Guarnieri), se envolvesse com a humilde Nadir (Solange Theodoro), a “moça do cafezinho”, e com Veroca (Lúcia Alves), uma modelo ambiciosa.

Entretanto, o maior charme do autor foi voltar reunir Eva Wilma e John Herbert, a dupla do antigo seriado “Alô doçura!”, que ele mesmo escreveu e dirigiu na extinta TV Tupi, em 1953.

Na trama de "Plumas e Paetês", Cassiano contava a história de Roseli (Elizabeth Savalla), única sobrevivente de um acidente de carro, que foi confundida com Marcela, que era noiva do rapaz que dirigia o carro. Grávida, sem dinheiro e fugindo do passando, Roseli decidiu assumir a identidade de Marcela. Passou assim a desfrutar de todo o conforto da família rica do moço, que era liderada pela matriarca Bruna (Neuza Amaral). No decorrer da trama, Edgar (Cláudio Marzo), filho mais velho de Bruna, se apaixona pela falsa cunhada Marcela. Nesse meio tempo, ela reencontra Renato (José Wilker), com quem tivera um relacionamento no passado. Os três vivem um triângulo amoroso que só se definiu no final da novela, claro!

A história mostrava também o universo das modelos. Nesse núcleo, a então modelo Mila Moreira se firmou como uma atriz.

Inclui também a história do padre Clodovil (Nestor de Montemar) e as tramas das famílias de Gustavo (José Lewgoy), Cristiano (Mário Lago) e Clóvis (Felipe Carone).

(Foto: Lúcia Alves)

Porém, o grande destaque foi o trabalho de Lúcia Alves como Veroca que teve um dos melhores desempenhos de sua carreira e acabou chamando sobre si a atenção de todo o elenco super estelar.

No final da novela, o autor adoeceu e quem escreveu o desfecho foi o autor Sílvio de Abreu, que já havia escrito “Pecado rasgado”, na emissora.

(Edson Celulari)

No elenco também estavam, entre outros, os atores Maria Cláudia, Miriam Pérsia, Elza Gomes, Sura Berditchevsky, Eloisa Mafalda, Elizângela, José Lewgoy, Edson Celulari, Cleide Blota, Walter Stuart e Lídia Mattos.

Mulheres de Areia (Tupi) - 15 Anos Sem Ivani Ribeiro

(Guarnieri, Ana Rosa e Eva Wilma).

Há 15 anos, o Brasil perdia a novelista Ivani Ribeiro, nome artístico de Cleide Freitas Alves Ferreira, vítima de insuficiência renal provocada pela diabete, aos 79 anos. Aliás, durante sua carreira, ela usou como pseudônimo também Valéria Montenegro em "A Moça que Veio de Longe" (1964) e Arthur Amorim em "O Leopardo" (1972). Seu primeiro grande êxito foi "A Deusa Vencida" (TV Excelsior/1965), que consagrou a atriz Regina Duarte, então uma atriz iniciante.

Ivani foi uma pioneira na televisiva e da brasileira/TV Tupi, escreveu em 1952 a série "Os Eternos Apaixonados", o primeiro trabalho nesse meio. Dois anos depois, se transferiu para a TV Record, onde fez a adaptação do livro "A Muralha" (1954) e ainda escreveu a novela "Desce o Pano", em 1957.

Em 1958, retornou à TV Tupi onde escreveu uma nova versão de "A Muralha". Nesta época, ela realizava alguns teleteatros para várias emissoras, mas a atenção principal eram as radio novelas, que ela escrevia para a Rádio Bandeirantes. Portanto, a novelista paulista (1922/1995), é recordista entre os autores de novela brasileiros, com 39 títulos, todos de sucesso (somando peças, radio novelas e telenovelas, são cerca de 350 obras escritas).

(Ivani Ribeiro)

Ela foi à principal autora de novelas da TV Tupi na década de 70, tanto que em 1979/1980, últimos anos da emissora, os três tradicionais horários de novelas, foram sendo cancelados e substituídos por reprises de novelas de autoria de Ivani.

Até a década de 80, ela havia adaptado exatos 2.922 contos, média de um por dia; além de 1.300 peças para rádio. Sem colaboradores escrevia dois capítulos de novela, o dobro do que uma equipe de quatro novelistas escreve hoje.

Em 1982, estreou na Rede Globo, onde permaneceu até sua morte. A novela que marcou sua estreia na emissora foi "Final Feliz".

Em seguida, Ivani Ribeiro assinaria uma série de remakes e adaptações a partir de seus principais sucessos na TV Tupi e na TV Excelsior. A novela "Amor Com Amor se Paga", por exemplo, exibida em 1984, resultou de uma fusão entre as tramas de "Camolila e Bem-me-quer", produzidas originalmente pela TV Tupi.

O trabalho seguinte de Ivani Ribeiro na TV Globo foi, talvez, seu maior sucesso: "Mulheres de Areia". É dela que falaremos, mas da versão original, feita na saudosa TV Tupi.

Em 1973, ela escrevia para a TV Tupi a novela “Mulheres de Areia”. Durante os 11 meses que ficou no ar, a novela conquistou altos índices de audiência. Na direção dos 253 capítulos estiveram Edison Braga e Carlos Zara.

Por isso a TV Globo encomendou a Ivani, 20 anos depois, uma adaptação dessa história. A autora incluiu achados de outra novela sua, a ecológica “O Espantalho”, de 1977, que foi a primeira da TVS, atual SBT.
Na verdade, a trama nasceu na Rádio São Paulo, com outro título: “As Noivas Morrem no Mar”.

O público já tinha aprovado a história das gêmeas Raquel (a má, que atraía maior atenção) e Ruth (a boa). As duas amavam o mesmo homem, o ricaço Marcos Assunção. Depois de muitas maldades, Raquel morre e Ruth assume a sua personalidade. Com as imagens da televisão e a adaptação de Ivani, a trama ganhou maturidade.

A atriz Eva Wilma, fazia as gêmeas, onde pôde contracenar com ela mesma através de uma técnica improvisada pela equipe. Eles tampavam um lado da lente onde era gravada a cena de uma gêmea. Voltava-se a fita, tampava-se o outro lado e, então, gravava-se o outro personagem. Deu certo e o público vibrou.

“Ninguém se esquece de ’Mulheres de Areia’. Não estou falando do meu sucesso individual. Criamos, de fato, uma alquimia fantástica”, reconhece Eva. A atriz, no entanto, fez questão de elogiar a atuação do ator Gianfrancesco Guarnieri, que vivia o personagem Tonho da Lua, um poeta apaixonado por Ruth e que vivia esculpindo a sua imagem na areia, como demonstração de seu amor.

“Não havia pirotecnia. Era uma novela simples, carinhosa e que sempre procurava valorizar o ator”, garantia o diretor Carlos Zara.

Ivani aceitou “com satisfação” o convite para adaptar “Mulheres de Areia para a Rede Globo. Já tinha feito isso uma primeira vez quando a sua novela deixou a rádio e foi para a TV Tupi, justamente em 1973. “Naquela época criei novos personagens e novas situações. Também na última versão profundas alterações foram feitas, com a necessária atualização. Quase surgiu uma nova novela”, explicou a Ivani que mais escreveu novelas para a TV brasileira para um jornal de São Paulo, na época.

Durante 19 anos o público pedia que ela reeditasse “Mulheres de Areia”, e de repente, surgiu esse convite feito pela Rede Globo, achou que tinha chegado à hora.

(Glória Pires, foi a protagonista da nova versão)

“Apesar das dificuldades que sempre surgem em trabalhos desse gênero, acredito ser possível ir ao encontro da expectativa dos telespectadores”, lembrou a escritora para a Sessão Nostalgia, do Jornal do Brasil, e reeditado no livro “No Túnel do Tempo”, de Rose Esquenazi.

A escritora fez questão de frisar que iria incluir o problema dos aposentados e a poluição das praias na nova adaptação da obra.
Se pudesse, ela gostaria de contar com Eva Wilma na última versão, já que era uma super-fã da atriz. “O trabalho de Eva foi brilhante. Com os seus grandes recursos artísticos, conseguiu compor os dois tipos – a malvada e a bondosa – sutilmente diferenciados, mas capazes de confundir a todos”, assegurou ela, que também era só elogios ao personagem Tonho da Lua e seu intérprete, Gianfrancesco Guarnieri. “Tonho da Lua não era um louco. Era mais um limítrofe e menos um retardado. Sua personalidade tem penetrante capacidade de sentir e distinguir os valores humanos, apesar de sua dificuldade de comunicação. Existia muita poesia nos seus devaneios e propostas. Havia nele, principalmente, AMOR”.

Também no elenco estavam, entre outros, os atores Cláudio Corrêa e Castro, Cleyde Yáconis, Maria Isabel de Lizandra, Antônio Fagundes e Adoniram Barbosa.

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