Você precisa ter histórias e personagens para chegar ao fim de um capítulo.""Passione" conta a busca de Bete (Fernanda Montenegro) pelo filho, tirado dela pelo marido, Eugênio (Mauro Mendonça). Na Itália, o filho, já grande, é Antonio (Tony Ramos) e vive com a mãe, Gemma (Aracy Balabanian).Em "Passione", as mulheres surgem como divas: entre outras cenas, há Maitê Proença dirigindo um conversível e Mariana Ximenes correndo pelos campos na Itália.
"Nas minhas novelas, as pessoas são bonitas. Gosto de fantasia. Realidade, não. Minha vida é comum, mas minha cabeça, não." E, para que se tenha certeza de que será, de fato, uma novela dele, o autor adianta: haverá, é claro, um assassinato e o mistério do algoz.
"Uma atriz começa. E permanece sempre inacabada", define Cleyde Yáconis, 87 anos (90 peças de teatro).Ela estende a Fernanda Montenegro, 80 (mais de 60 espetáculos), o que diz ser seu ofício: nunca estar pronta. "Que nunca fiquemos prontas! Assim continuamos procurando."Na procura, as duas se cruzaram várias vezes. Nos anos 50, trabalharam juntas em teleteatros dirigidos por Antunes Filho.
Chegaram a encenar os mesmos textos em palcos diferentes e figuraram em elencos das mesmas novelas da Globo.Mas só agora, 50 anos depois das atuações na TV Tupi, voltam a dividir a cena. Estrelas de "Passione", novela para a faixa das 21h que a Globo estreia amanhã, Fernanda e Cleyde veem na televisão a "possibilidade de convívio" e o caminho para o trabalho de qualidade dentro da "indústria pesada".Ambas costumam trabalhar nas novelas assinadas por Silvio de Abreu, autor de "Passione".
Para Cleyde, os textos do novelista oferecem "menos riscos de equívocos". Fernanda avalia o trabalho como "um velho e bom melodrama"."Meu papel é muito interessante. A personagem é humilhada todo minuto e ainda culpada de tudo", diz Fernanda.Quanto à elaboração do texto em cena, as atrizes tecem elogios uma à outra. "Cleyde é uma mulher com um repertório deslumbrante, totalmente realizada: pela qualidade da artista que é, pela dedicação quase religiosa ao teatro e pelo talento enorme", diz Fernanda.
Cleyde segue o mote e enaltece a amiga: "Fernanda tem uma carreira consolidada com pesquisas, procuras, aperfeiçoamentos. Um trajeto, sabe? É sólida porque é construída".Ela completa: "Nós temos afinidades. Minha carreira também foi construída. Sei que, se nós duas não nos encontrássemos, a vida nos aproximaria. Pela mesma maneira de encarar a profissão".
com o Folha Ilustrada
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