sexta-feira, 9 de abril de 2010

A volta de Marília Pêra e a espera por Eva Wilma

Marília Pêra, Claudia Jimenez, Danielle Winits e Paulinho Vilhena vão experimentar o outro lado da moeda em uma nova série da Globo, que estreia dia 8 de abril. "A vida alheia", escrito por Miguel Falabella, vai mostrar os bastidores da revista de celebridades "A Vida Alheia", chefiada por Catarina Faissol (Marília Pêra).

(Ary Fontoura, Maysa, Tônia Carrero, Marília Pêra e Djenane Machado)

Quanto a Marília Pêra, o sucesso já está praticamente garantido. Quem não se lembra das atuações dela em “Beto Rockfeller”; “Bandeira 2”; “Super-Manuela”; “Brega & Chique”; entre outros. Mas tudo começou na Globo, com a novela “O Cafona”.

Uma novela de Bráulio Pedroso, que foi exibida em 1971, às 22h, pela Rede Globo. Na direção dos 183 capítulos estiveram Daniel Filho e Walter Campos.

O autor estreava na emissora depois do sucesso de "Beto Rockfeller" na TV Tupi. Com ele veio também, como já comentei, a atriz Marília Pêra. Como em toda sua obra, usou de um dos temas que mais lhe agradavam: a desmoralização da alta sociedade.

"O Cafona" contava a história de Gilberto Atayde (Francisco Cuoco), homem simples e rude, que enriqueceu como dono de uma rede de supermercados. Ao ficar viúvo, resolve realizar o sonho de casar-se com uma grã-fina e ser aceito pela alta sociedade. Surgem duas possibilidades de concretizar seu projeto: Malu (Renata Sorrah), filha de Fred (Paulo Gracindo), um milionário quase falido que vê no casamento da filha a solução para os seus problemas financeiros; e Beatriz (Tônia Carrero), uma mulher madura e fútil, desquitada. Gilberto tem como secretária a loura Shirley Sexy (Marília Pêra), que mora numa república hippie e é apaixonada pelo patrão.

A novela conta ainda com grandes atores, como Marco Nanini, Carlos Vereza, Djenane Machado, Osmar Prado, Elizangela, André Valli, Mirian Muller, Roberto Bomfim, Paulo Rezende, Felipe Carone, Eloísa Mafalda e Walter Campos, dentre outros grandes nomes da televisão brasileira. Participaram ainda o nobre Juan de Bourbon, e a cantora Maysa, como podemos ver nessas fotos.

A trilha sonora de "O Cafona" foi a primeira a ser produzida pela 'Som Livre'. O disco fez tanto sucesso, que levou ao lançamento da primeira trilha com músicas estrangeiras de uma novela: "O Cafona Internacional", fato inédito até então.

O autor Bráulio Pedroso estreava na Rede Globo com esta novela, depois do estrondoso sucesso que havia feito com "Beto Rockfeller" (TV Tupi, 1968/1969). Escreveu ainda outras novelas como "O Bofe" (1972), "O Rebu" (1974), "O Pulo do Gato" (1978) e "Feijão Maravilha" (1979). Bráulio faleceu aos 59 anos, em 1990.

Uma dica: o vídeo é ainda melhor visualizado clicando-se em 'HQ' (assistir em alta qualidade).

O tema central da ascensão social apareceu numa sátira ao movimento hippie e à alta sociedade carioca. Os personagens eram novos-ricos e ex-milionários que não perdiam a pose. Eles comentavam nos diálogos as colunas sociais de Zózimo e Ibrahim Sued, circulavam em torno da piscina do Copacabana Palace e freqüentavam banquetes.

Na trama, Gilberto Athayde (Francisco Cuoco), era um viúvo simples e rude, que fez fortuna com uma vendinha de subúrbio que se transformou numa cadeia de supermercados. Agora a grã-finagem disputa sua amizade em função de seu dinheiro. De um lado estava Fred da Silva Barros (Paulo Gracindo), um milionário falido que tentava empurrar a filha, Malu (Renata Sorrah), para os braços de Gilberto.

Do outro lado estava Beatriz (Tônia Carrero), ex-mulher do empresário Gastão Monteiro (Álvaro Aguiar), que se preocupa apenas em posar para capas de revistas como uma das mais elegantes das colunas sociais. Beatriz se apaixona por Gilberto Athayde e decide lhe ensinar a como se comportar em sociedade.

Ele recebeu uma convidada muito especial: a amiga Simone, vivida pela cantora Maysa.

(Marìlia Pêra, Djenane Machado (de pé) e Marco Nanini)

A novela se destacou também com história de três jovens que pretendiam fazer o filme mais radical do cinema brasileiro: “Matou o Marido e Prevaricou com o Cadáver”. Cacá (Osmar Prado), Rogério (Carlos Vereza) e Julinho (Marco Nanini) que eram caricaturas bem-humoradas dos diretores Cacá Diegues, Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Eles eram liderados pelo Profeta (Ary Fontoura), uma espécie de guru das praias do Rio de Janeiro. Sem falar da inesquecível Lucinha Esparadrapo, vivida pela atriz Djenane Machado.

Unindo os dois mundos estava Shirley Sexy (Marília Pêra), a secretária de Gilberto, eternamente apaixonada pelo patrão, que chamava de Gigi. Ela era moradora de uma república hippie em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, e era apaixonada pelo patrão. Na trama, a secretária foi escolhida pelos cineastas para estrelar o filme.

(Marília Pêra)

O tema da ascensão social aparece numa sátira ao movimento hippie e à alta sociedade carioca na história. Os personagens são novos-ricos e ex-milionários que não perderam a pose. Eles freqüentam a piscina do Copacabana Palace, vão a banquetes e comentam as notas das colunas sociais de Zózimo Barroso do Amaral e Ibrahim Sued.

A interpretação de Francisco Cuoco foi um dos pontos mais marcantes da novela. O ator atuava pela primeira vez num papel cômico, e o seu personagem cometia todos os tipos de gafe, como beber lavanda num jantar de milionários.

Outro grande sucesso entre o público foi às cenas de Gilberto Athayde e Shirley Sexy. Segundo a atriz Marília Pêra, a naturalidade de muitas cenas, especialmente as cômicas, vinha da liberdade que o autor dava aos atores para criar situações. No próprio texto, conta ela, Bráulio Pedroso indicava as cenas em que os atores deviam improvisar.

Curiosidades:

- O diretor Daniel Filho convidou pessoas famosas, na época, para participar da novela, como: a cantora Maysa, pertencente à tradicional família Matarazzo de São Paulo; o nobre Juan de Bourbon, além de outros colunáveis que faziam pequenas participações na trama.

- “O Cafona” foi um grande sucesso de público e crítica. Alguns freqüentadores das colunas sociais sentiram-se atingidos, pois se viram espelhados na novela. Na época, o autor chegou a afirmar que tinha se baseado em acontecimentos e pessoas reais. Por causa dessa polêmica, a Rede Globo decidiu exibir, pela primeira vez, depois da apresentação dos créditos, o aviso: “Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas ou fatos acontecidos terá sido mera coincidência”.

- A novela foi a primeira a ter uma trilha sonora produzida pela Som Livre. A música Shirley Sexy foi interpretada pela própria Marília Pêra. Outro sucesso foi Lúcia Esparadrapo, de Antônio Carlos e Jocafi, que fazia referência à personagem hippie de Djenane Machado. A excelente vendagem do disco levou ao lançamento da primeira trilha com músicas estrangeiras de uma novela, “O Cafona – Internacional”.

Na memória a música de abertura de Paulo Sérgio Valle: "Eu quero ver, eu quero ver/Eu quero, quero, quero, quero ver/O seu retrato, seu reinado, seu cavalo/Eu quero ver/O seu casaco, seu cigarro e o seu carro.../Eu quero ver, eu quero ver/Eu quero, quero, quero, quero ver...".

No elenco também estavam, entre ouros, os atores Felipe Carone, Isabel Tereza, Ilka Soares, Eloísa Mafalda, Elisângela, Suzy Kirby, entre outros. Vídeo com imagens da novela "O Cafona", escrita por Bráulio Pedroso e exibida entre 24/03 e 20/10/1971 pela Rede Globo, no horário das 22 horas, com um total de 183 capítulos. Dirigida inicialmente por Daniel Filho, substituído por Walter Campos.

MEMORIAL DE MARIA MOURA

Glória Pires enfrentou machistas em Maria Moura

(Glória Pires e Sebastião Vasconcelos).

Vou sair do bando dos covardes e entrar para o bando de uma mulher honrada, Rachel de Queiroz. Afinal, precisamos de cultura, não de hipocrisia e agressões gratuitas.

Viva Maria Moura!

A adaptada do romance homônimo de Rachel de Queiroz, contava a saga de uma mulher que enfrentava as adversidades de uma sociedade machista no século XIX. Tendo como protagonista a personagem Maria Moura (Glória Pires), a quem todas as histórias e personagens paralelas acabavam remetendo, a minissérie tratava de temas como a luta por justiça, amores impossíveis e mortes. Tudo em acordo para conotar uma época e um contexto social rude e frio, em que a posse de terras significava não apenas poder econômico, mas também poder político e posição social.

Maria Moura tinha um histórico familiar difícil. Perdeu o pai na infância e, aos 17 anos, encontrou a mãe (Bete Mendes) morta, pendurada no teto de casa pelo pescoço, como num suicídio. A moça sabia, no entanto, que sua mãe não possuía motivos para isso. O provável assassino era o seu padrasto, que passou a aliciá-la após a morte da mãe. Apesar disso tudo, Maria Moura não se deixou abater e cresceu forte, com enorme amor pela vida. Protegida por empregados da família forma um bando para perseguir seu sonho: a conquista da terra herdada de seu pai, a Serra dos Padres. Tal fato passa a ser sua maior luta após a perda dos pais. Para se vingar do padrasto e matá-lo, Maria Moura seduz Jardilino (Lui Mendes), amigo de infância e empregado da família, que é quem executa o crime.

(Lui Mendes e Glorinha)

Imersa na violência e nas disputas tão presentes em seu contexto de vida, ela passou a reagir com igual rivalidade com todos que descumpriam suas regras e leis. Assim, enfrentava uma jornada até a Serra dos Padres com o intuito de repelir a invasão do seu sítio pelos primos Tonho (Ernani Moraes), Irineu (Otávio Muller) e Firma (Zezé Polessa), pessoas inescrupulosas, a quem ela ataca mesmo sabendo que eles têm direito à posse, já que sua mãe só possuía um terço da propriedade. Dos primos, Maria Moura só se afeiçoa a Marialva (Cristiana Oliveira), a quem tratava como se fosse uma irmã.

Indo contra as regras sociais estabelecidas por um sistema patriarcal, onde a submissão feminina era uma constante, a protagonista foi capaz de tudo por sua liberdade, sendo cruel com seus adversários e extremamente leal com os que a apoiavam. Sua rudeza caia ao se perceber apaixonada por Cirino (Marcos Palmeira), um sedutor imaturo e irresponsável. Nessa altura, ela fraquejou por um momento e recuperou a ingenuidade que julgava perdida.

Marialva conheceu Valentim (Jackson Antunes), um integrante do circo, malabarista e atirador de facas, por quem se apaixonou e com quem acabou fugindo para a casa de Maria Moura. Ambos passaram a fazer parte dos que lutavam com ela. Marialva encontrava a possibilidade de escapar do duro convívio com os irmãos Firma, Tonho e Irineu, sendo amiga somente do irmão Duarte (Chico Diaz), que também seguia para ajudar Maria Moura. Marialva acabou tendo uma filha, que recebeu o nome de Raquel.

Moura, ao se ver traída pelo homem que amava e se sentindo refém desse amor, pediu a Valentim que atirasse uma de suas facas em Cirino para matá-lo. Em seguida, recebeu de volta em suas mãos um lenço com o sangue do amado, e sofreu muito com a morte dele.

Então, o padre José Maria (Kadu Moliterno) teve um papel emocionante na trama. Ao se apaixonar por Bela (Bia Seidl), uma mulher sensual, casada com Anacleto (Antonio Grassi), homem capaz de brutais violências, José Maria acabou sendo vítima de uma tragédia. Ao ser incapaz de se manter fiel à castidade, a seus valores pessoais e mesmo ao amor que sentia por Bela, ele se sentia culpado. Chegou a desfrutar da paixão pela amada, mas sua história acabou quando ela, grávida, foi assassinada pelo marido. Depois do episódio, José Maria vai se embrutecendo. Acaba procurando proteção em terras de Maria Moura, e passou a integrar seu bando.

Enquanto, Maria, aos poucos, perdia sua família, sua honra e, por último, tentavam lhe tomar a terra, que ela defendia até a morte. Para a batalha final, armam-se dois lados. Em um está Maria Moura e seu bando; no outro, um grupo liderado por seus primos e Eufrásia (Rosamaria Murtinho), o núcleo de vilões da história.

Entretanto, na véspera da luta, Maria deixa a escritura das terras da Serra dos Padres com Marialva e Valentim, pedindo-os que dêem a Raquel a posse de tudo que lhe pertence. No dia marcado para o enfrentamento, ela ordena a seu bando que permaneça na casa e segue sozinha para cumprir seu destino, pensando em se entregar ou mesmo morrer, para poupar os outros. Ela havia percebido que os adversários estavam mais bem preparados. Descumprindo suas ordens, Duarte a segue. Montados em seus cavalos, com os inimigos atirando contra os dois, Duarte morre primeiro. Maria Moura tira o lenço ensangüentado que guardara consigo e solta um brado, correndo em direção ao campo adversário.

(Marcos Palmeira)

Curiosidades:

- Durante 15 dias a cidade de Tiradentes praticamente viveu em função das gravações da minissérie. E para que houvesse uma compensação pelo transtorno provocado, a Rede Globo forneceu material para a reforma de algumas das igrejas barrocas da cidade.

- Memorial de Maria Moura foi um grande sucesso de audiência.

- No final do livro, a personagem Maria Moura sai vitoriosa da batalha. Mas Raquel de Queiroz acompanhou as modificações com agrado e elogiou a adaptação. Apesar de, no livro, Marialva ter tido um filho, e não uma filha, como na minissérie, a modificação foi feita em homenagem à autora, cujo nome foi dado à criança.

- A venda do romance Memorial de Maria Moura, lançado em 1992, havia sido de cinco mil exemplares até a estréia da minissérie. Durante a exibição, esse número dobrou e chegou a ultrapassar 40 mil exemplares vendidos.

- A minissérie foi exibida em diversos países, como Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

- Memorial de Maria Moura foi reapresentada a partir de julho de 1998.

- Em 2004, a minissérie foi lançada em DVD.

A minissérie "Memorial de Maria Moura", de Jorge Furtado e Carlos Gerbase, com colaboração de Renato Campão e Glênio Povoas, foi exibida pela Rede Globo em 1994, às 22h30m. Na direção dos 24 episódios estiverem os diretores Denise Saraceni, Mauro Mendonça Filho, Marcelo de Barreto e Roberto Farias.

Só pra lembrar algumas cenas com a grande Eva Wilma

Altiva (Eva Wilma) chega à praça e cumpre sua promessa de invocar o raio divino que destruiria o casamento de Dinorah (Carla Marins), mas o raio acaba caindo sobre ela.

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