segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vale Tudo: “Estamos todos de saco cheio de impunidade”


Gilberto Braga: “Estamos todos de saco cheio de impunidade”
Em entrevista ao iG, autor fala de política e novelas em 07/09/2010

 Gilberto Braga: "Prefiro escrever minissérie porque é mais compacta"
Tornou-se um marco, não apenas por ser bastante incomum dar final feliz aos vilões novelescos, como também representou uma realidade de como andava (anda?) a ética do País – a falta de remorsos de quem rouba ou trapaceia.Final de novela costuma atrair atenção especial do público, com todos os desfechos previsíveis que os folhetins exigem de seus criadores. Em seguida, detalhes dos personagens caem no esquecimento para dar espaço aos novos dramas da teledramaturgia. Uma cena final de uma novela, entretanto, ainda hoje permeia o imaginário popular.

 A trama é “Vale Tudo”, de 1989. O autor Gilberto Braga chocou todo mundo ao dar um desfecho conveniente a um personagem escroque. Marco Aurélio (interpretado por Reginaldo Faria) fugiu com o dinheiro roubado, entrou em um helicóptero e, num derradeiro gesto, deu uma ‘banana’ com os braços a quem ficava para trás.
 Em entrevista ao iG, quando começava a escrever a sua próxima novela das nove, “Insensato Coração”, Gilberto afirma que não voltaria a dar um “final feliz” a um vilão. Sem muitas palavras, direto ao ponto, ele diz: “Não creio que volte a dar um final feliz pra um vilão, estamos todos de saco cheio de impunidade”.
 Em uma recente palestra na Academia Brasileira de Letras, Gilberto comentou que os mais jovens costumam acreditar que o mistério do final de “Vale Tudo” (Quem matou Odete Roitman?) durou toda a novela. Se isso o chateia quando resumem a trama ao assassinato de Odete Roitman (vivida por Beatriz Segal)? Não é o caso. “De modo algum, pra eu me chatear precisa muito mais que isso”, diz.
Novos projetos
Recentemente, Gilberto lançou o livro “Anos Rebeldes - Os Bastidores da Criação de uma Minissérie”, a respeito de um outro trabalho seu de bastante repercussão e até hoje lembrado. Entre as revelações que a obra traz, entre outras coisas, está a de que a censura interna da Globo foi "um fantasma terrível" durante a escrita do texto. Perguntando quem era o responsável pela censura dentro da emissora, Gilberto não polemiza. “Não sei”.
É vasta sua carreira como escritor de novelas. Entre seus trabalhos para a TV, já houve adaptações da literatura (como “O Primo Basílio”) e obras com forte crítica social (“Vale Tudo”). Qual é a linha de trabalho que mais o instiga, que mais o motiva? “Gosto de todas as linhas, prefiro escrever minissérie porque é mais compacta. Mas com a divisão de trabalho, estou começando a gostar de escrever novela também”, diz.
Ao ser solicitada esta entrevista, ele foi taxativo. “Mande perguntas. Poucas porque eu estou trabalhando muito”. Para “Insensato Coração”, que substituiu “Passione”, em janeiro, há nomes como Gabriel Braga Nunes, Glória Pires, Camila Pitanga, Natália do Vale, Natália Timberg, além de uma participação de Tarcísio Meira e José Wilker, como um vilão.
Sua última novela, “Paraíso Tropical” (2007), obteve 51 pontos de audiência. Atualmente, “Passione” ficou em torno dos 35, o que já se tornou uma constante no horário nobre da TV Globo. Gilberto diz não saber por que, hoje, as telenovelas já não alcançam a média de audiência de alguns anos atrás. Questionado se acredita que a internet e as novas mídias vão pôr fim às novelas, ele, mais uma vez, é econômico. “Acho que não, mas estou chutando”.

aqui Dancin' days - 1978 - abertura

Link: ig/cultura 

Em Vale Tudo (Globo), novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a vilã, vivida por Beatriz Segall, foi assassinada e deixou os telespectadores loucos de curiosidade para descobrir quem cometeu o crime, desvendado apenas no último capítulo.
Agora o folhetim volta à TV pelo canal pago Viva. A reestreia aconteceu no dia 5, à 0h45. Com exibição de segunda a sexta. 


Vale Tudo reuniu um elenco de peso. Regina Duarte deu vida a Raquel Accioli, uma mulher simples e honesta que é passada para trás pela própria filha, Maria de Fátima, interpretada por Glória Pires. A inescrupulosa vilã, aliás, foi um dos grandes destaques da novela. Quem também fez bonito no folhetim foi Renata Sorrah, no papel da alcoólatra Heleninha Roitman.
Para Silvio de Abreu, autor de Passione os personagens de Vale Tudo estão entre os grandes trunfos da trama. “São todos bem delineados e escalados’’, resume. "Vale Tudo era um excelente melodrama social.’’


Vale Tudo tinha como tema a música Brasil, escrita por Cazuza e interpretada por Gal Costa.  Polemizou ao tratar de assuntos como o homossexualismo feminino e a corrupção. Uma das cenas clássicas envolveu o personagem de Reginaldo Faria, Marco Aurélio, que, no fim, deu uma banana para as câmeras antes de fugir do país. “É importante tratar desses temas. Hoje, o povo está mais alerta contra a impunidade’’, afirma Braga. “Vale Tudo foi uma novela que calou fundo no coração do brasileiro, fez o nosso povo raciocinar’’, acrescenta Abreu.
Beatriz Segall defende que a novela merecia ser reapresentada em horário nobre. “Várias gerações não viram, mas gostariam de ver Vale Tudo. É um desperdício que vá ao ar tão tarde’’, afirma a intérprete de Odete Roitman.(Da Folhapress)

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